- Exército vai monitorar fronteira SISFRON


Exército vai monitorar fronteira
21 Mai 2012
Mato Grosso fará parte do Sisfron, que utilizará equipamentos de última geração para combater a entrada de drogas no Brasil
TANIA RAUBER
O Exército Brasileiro começa a implantar, no ano que vem, o Sistema Integrado de Monitoramento (Sisfron) que pretende reduzir em 20% a entrada de drogas no Brasil. Somente Mato Grosso possui 980 quilômetros de fronteira com a Bolívia, principal fornecedor de cocaína para o Brasil.
A estimativa do Centro de Comunicações e Guerra Digital do Exército (CCOMGEX) é que já em 2013 a região Sul do Estado comece a ser monitorada. A primeira fase experimental do sistema será implantada no município de Dourados, no Mato Grosso do Sul. Será montado um centro de comando e testada a integração das diversas plataformas de vigilância, como radares e Vants (veículos aéreos não tripulados).
Comandante do CCOMGEX, general Santos Guerra, afirma que a escolha do município foi feita com base na estrutura para comportar os equipamentos. “Em Mato Grosso ainda encontramos algumas dificuldades, como o acesso. Por isso vamos começar a fase experimental no Mato Grosso do Sul”. O Estado vizinho também possui 650 quilômetros de fronteira com a Bolívia e Paraguai, de onde vem grande parte da maconha que abastece o país.
Guerra confirmou que o processo licitatório para escolher as empresas que vão fornecer as tecnologias necessárias para o monitoramento já está em andamento. Um montante de R$ 172,8 milhões foram garantidos para as primeiras aquisições ainda este ano.
Reforço 
O projeto prevê o emprego de armas e equipamentos de defesa, como por exemplo radares com alcance de 60 quilômetros. Eles serão instalados em 12 diferentes pontos e coordenados pela 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, em Dourados, e pelo quartel-general do Comando Militar do Oeste, em Campo Grande.
Também serão instaladas redes de sensores e visores óticos com tecnologia de ponta, que possibilitará a detecção, identificação, localização, acompanhamento e análise de eventos de interesse da defesa, como por exemplo, o tráfico internacional de entorpecentes. O interesse do Exército é intensificar as ações repressivas em conjunto com outros órgãos, como a Polícia Federal e Polícia do Estado, que já realiza um trabalho ostensivo na divisa com a presença Grupo Especializado de Fronteira (Gefron).
Dificuldades
O Gefron foi criado em 2003. Hoje, possui um efetivo de 100 militares para fiscalizar os 980 quilômetros de fronteira do Mato Grosso com a Bolívia. Com cerca de 178 mil metros quadrados, a área de atuação do grupo é equivalente ao estado de Sergipe, localizado na região Nordeste do país.
O reduzido efetivo se divide em ações volantes, percorrendo as milhares de estradas vicinais e rodovias estaduais que dão acesso ao país vizinho, chamadas cabriteiras, e também postos de fiscalização montados em locais estratégicos. Quatro deles estão nas regiões conhecidas como Lagoa Verde, Matão, Vila Cardoso e Marfiu. Há também uma base operacional no município de Porto Espiridião (326 km a oeste de Cuiabá).
Conforme o major Agilson Azizes Ferreira, coordenador adjunto do Gefron, entre os crimes que são combatidos estão o contrabando, descaminho, tráfico de drogas e de pessoas, evasão de divisas e roubo de veículos. “Nos postos de fiscalização nós fazemos abordagens e revistas de bagagens e veículos constantemente. Todos os dias são flagrados crimes”.
Ele reforça que a maior dificuldade está no combate ao tráfico de drogas, já que as quadrilhas se organizam e buscam sempre novas entradas e horários para passar a fronteira.
Como é muito extensa e aberta, com fiscalização deficitária, os criminosos encontram facilidades para agir. “A região é como um queijo suíço, por onde anda surgem novos buracos (estradas). E nós estamos aqui como gatos e ratos. Eles fogem e nós vamos atrás. Quando descobrimos uma rota, eles buscam outra”.
Azizes lembra que o Exército já atua na fronteira mato-grossense. Destacamentos de soldados monitoram os marcos que definem o limites de cada país. Porém, não tem poder de Polícia para combater os crimes. “Eles estão ali para fazer valer os marcos que delimitam o território brasileiro, mas é de nosso competência reprimir os crimes”.
Modernidade
Na opinião do comandante, a implantação de novas tecnologias pelo Sisfron, vai minimizar a ocorrência de muitos crimes na fronteira, entre eles o tráfico de entorpecentes, pois dará novos recursos para dar mais eficácia a atuação da Polícia.
Uma das novidades testadas pelo Exército para ser implantada na fronteira é a tecnologia 4G, que permite a captação e envio de imagens, em tempo real, para os militares que estão em campo.
A rede é testada em parceria com a Motorola Solutions. O presidente da empresa no Brasil, Eduardo Stefano, afirma que, com esta ferramenta, será possível aprimorar as ações de combate ao tráfico usando equipamentos mais avançados do que os rádios. “Além de voz, os militares que estiverem em campo poderão ter acesso a imagem do que terão pela frente”.
O sistema também permite que o centro de controle tenha acesso as imagens da ocorrência e localização das viaturas ou guarnições que estão percorrendo a área. “Com isso conseguem deslocar quem está em local mais estratégico e ter êxito no combate ao ilícito, seja a entrada de drogas ou até mesmo saída de carros roubados, além de outros”.
Os testes do sistema 4G serão feitos num período de 6 meses em Brasília, no Centro de Comunicação e Guerra Digital do Exército. Se aprovada a eficácia nas ações de segurança pública, uma licitação deve ser feita para aquisição e implantação também na fronteira.

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