- remuneração das Forças Armadas: um texto lúcido, um comentário emblemático


 remuneração das Forças Armadas: um texto lúcido, um comentário emblemático


A remuneração das Forças Armadas: um texto lúcido, um comentário emblemático

A remuneração das Forças Armadas


Mauro Santayana
A revelação dos vencimentos dos militares e sua comparação com a dos outros servidores
 federais – de todos os três poderes – demonstra que o orçamento de pessoal não lhes faz justiça.

Com a sua visão de Estado, Tancredo sempre se preocupou com as forças armadas. Sua tese era 
a de que os políticos do Império e, mais tarde, da República, foram os primeiros responsáveis pela
 sedução dos militares brasileiros pelo poder. Eles deveriam ter sido tratados com respeito e, nesse
 respeito, ser entendida a sua separação das decisões políticas, com a necessária submissão ao
 poder civil - e a melhor recompensa possível pelos seus serviços, na manutenção da soberania 
nacional e da integridade do território pátrio.
O político mineiro lembrava, sempre, a advertência de Bernardo Pereira de Vasconcelos contra a 
decisão do governo de Pedro I, em conferir poder judiciário à Comissão Militar, comandada pelo 
brigadeiro Francisco Lima e Silva, pai do Duque de Caxias, enviada ao Nordeste a fim de combater
 a Confederação do Equador. Essa comissão, e outras que se seguiram foram impiedosas na
 repressão aos combatentes. Só em 1824, na luta contra os pernambucanos, onze revolucionários
 foram condenados à morte, entre eles, Frei Caneca.


É desse tempo – não obstante a visão política pacificadora do Duque de Caxias – que surgiu a idéia
 subjacente em alguns setores militares de que, além de defender as fronteiras, também seria deles
 parte da responsabilidade política do Estado, como condestáveis da República e, mesmo, quando 
considerassem necessários, pela chefia do Estado e condução do governo nacional – como ocorreu
 em 1964.
Os militares – e nisso coincidia Tancredo com Maurício de Nassau – devem ser muito bem
 remunerados, tendo em vista que é deles a responsabilidade de garantir a incolumidade de todos 
os seus concidadãos. “É preciso tratar bem os homens da guerra” – aconselhava Nassau. “Um país
 subdesenvolvido, como o nosso, não se pode dar o luxo de pagar mal aos seus militares” –
 ponderava Tancredo. Ele desenvolvia seu raciocínio, ao afirmar que as forças armadas necessitam 
de homens bem preparados intelectualmente e bem treinados, a fim de estar sempre preparados
 para a indesejável eventualidade da defesa de nossa soberania.
A revelação dos vencimentos dos militares e sua comparação com a dos outros servidores federais –
 de todos os três poderes – demonstra que o orçamento de pessoal não lhes faz justiça. Se os
 vencimentos dos servidores do Congresso forem conhecidos (como se sabe, o sindicato que os 
representa conseguiu impedir a divulgação de seus contracheques) a opinião pública ficará estarrecida
 com a diferença entre o que ganha, por exemplo, um capitão de qualquer das armas, e um motorista
 do Senado. Entre o que recebe um tenente coronel e um assessor de primeiro nível da Câmara dos
 Deputados. A isonomia entre os vencimentos oficiais dos servidores da União não será um ato de 
generosidade, mas, sim, de equidade.

Comentário de um oficial do Exército:

wesleyrj disse...
Caro Mauro Santayana,
Fui militar do Exército, formei-me na AMAN, e posso lhe garantir: existe há, pelo menos, 5 anos uma
 fuga em massa de oficiais e praças. Essa debandada ocorre principalmente por baixa remuneração.
 Alguns generais dizem que é por falta de vocação. Pura demagogia! Primeiro, porque tais militares 
migram para setores de alguma semelhança, como a Agência Brasileira de Inteligência,a Polícia 
Federal e a Polícia Rodoviária Federal.Pasmem, todas elas pagam muito melhor. Se comparadas 
com o soldo dos praças, chega a ser vergonhosa tamanha discrepância. Segundo, esses generais,
 por terem direito adquirido, possuem, em média, 30% a mais sobre seus vencimentos. Essa 
gratificação não mais existe, o que demonstra total descolamento entre os soldos de militares
 antigos e modernos. Eu recentemente prestei um concurso(também na área de segurança pública). 
E, se tudo der certo, serei nomeado ainda este ano ganhando o dobro para fazer atividades similares.


Mauro Santayana disse...
Obrigado pelas informações, Wesley, é uma pena que a Nação invista o que investiu na formação 
de pessoas como você e que elas não possam ser plenamente aproveitadas em nossas Forças 
Armadas, para a defesa da Pátria.

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