24/09/2012 - Exército recebe treinamento do Gate para realizar ´Missão de Paz´ no Haiti


Exército recebe treinamento do Gate para realizar ´Missão de Paz´ no Haiti

24.09.2012
A tropa de elite da PM cearense ministrou para os soldados técnicas de patrulhamento urbano e ações táticas antiterror

O manuseio de armas curtas, como pistolas, também fez parte da instrução. Outras ações simuladas foram a progressão ´ponto a ponto´ e técnicas de aproximação em locais ocupados por inimigos armados. O treinamento preparou o efetivo

Os soldados do Exército que seguirão para a missão no Caribe passaram por uma intensa instrução que incluiu abordagens táticas em zonas de alto risco de confronto, como matagais e favelas. O treinamento foi na Base do Gate fotos: kiko silva

Os militares embarcarão para o Haiti até o fim do ano e levarão na bagagem as lições de como enfrentar o inimigo em zonas urbanas, de acordo com o treinamento que receberam, na semana passada, dos oficiais da unidade de elite da PM cearense

Vinte e nove militares, integrantes da tropa do Exército Brasileiro (EB), que assumirá a Missão de Paz no Haiti, em novembro próximo, foram treinados na última semana pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) cearense.

Os militares passaram dois dias recebendo instruções no quartel da tropa de elite da Polícia Militar (PM) cearense. A instrução foi ministrada pelo subcomandante do Gate, capitão PM Gerlúcio Vieira.

Efetivo
De acordo com o tenente do EB Wellington Moura Oliveira, comandante do pelotão que irá para o Haiti, além dos 29 militares que viajarão para o país caribenho, nove integrantes do efetivo reserva, também participaram do curso. Segundo Moura, eles farão parte de um efetivo de 800 militares de dois batalhões do Exército Brasileiro que servirá por seis meses no Haiti.

Eles fizeram o que subcomandante do Gate denomina de "Curso Rápido de Força Policial". Ontem, embarcaram para João Pessoa (PB), onde participarão de outros treinamentos.

Até novembro, eles voltarão para Fortaleza, depois viajarão novamente para Natal, retornando no fim do mês para a capital cearense, onde ficarão aquartelados aguardando o embarque final para a Missão de Paz na América Central. O Haiti, desde os anos 1980, está mergulhado em crise política, com seguidos de golpes de estado. Em 2004, o presidente da Suprema Corte, Bonifácio Alexandre, assumiu a presidência, interinamente. Ele requisitou a assistência da Organização das Nações Unidas (ONU) para apoiar uma transição pacífica e manter a segurança interna. O Conselho de Segurança (CS) aprovou o envio da Força Multinacional Interina (MIF). Por acreditar que a situação no Haiti ainda constituía ameaça para a paz internacional e a segurança na região, o Conselho decidiu estabelecer a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), que assumiu a autoridade exercida pela MIF em junho de 2004.

O Exército Brasileiro assumiu o comando dos trabalhos, que conta com um efetivo militar oriundo de outros países. Desde então, a cada seis meses, o contingente é substituído.

Técnicas
Como os militares do Exército são preparados para atuar em situação de guerra, mas não têm treinamento para patrulhamento urbano, os integrantes do curso conheceram as técnicas de policiamento em áreas de risco. A Reportagem acompanhou a instrução dos militares brasileiros na manhã de terça-feira (18).

Entre as lições do curso intensivo estava a ´progressão ponto a ponto´, técnica de aproximação de locais perigosos utilizada pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Rio de Janeiro.

O oficial explicou que os militares também receberam noções de abordagem a pessoas, veículos, além de simulações de entradas táticas em áreas de riscos, como favelas.

Segundo o capitão Gerlúcio Vieira, apesar do pouco tempo, os ensinamentos repassados serão importantes na missão que os soldados realizarão no Haiti.

Fique por dentro
Batalhão tem a tarefa de atuar em alto risco
O Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) atua em situações de risco e alta complexidade. Ele é formado, atualmente, por cinco companhias. São elas, o Comando Tático Motorizado (Cotam), Controle de Distúrbios Civis (CDC), Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), Ronda com Cães (Roca/Canil) e Comando Tático Rural (Cotar). Este último, foi criado no começo deste ano por ordem do secretário da Segurança Pública e Defesa Social, coronel Francisco José Bezerra. A missão dos homens do BPChoque inclui até mesmo conter movimentos revoltosos dentro da própria PM.
"Os mais bem preparados da tropa"
Capitão Gerlúcio Vieira, subcomandante do Grupo de Ações Táticas Especiais, falou da intensa preparação que os membros da unidade recebem diariamente

"Os homens do Gate são os mais bem preparados da Corporação (Polícia Militar). Tanto na parte física, quanto técnica". Essa é avaliação do capitão PM Gerlúcio Vieira, sobre a posição do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) entre as companhias e batalhões da PM.

Segundo o oficial, que é subcomandante do Gate, isso só é possível, porque a companhia, que faz parte do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) "treina mais do que opera". São, no mínimo, aproximadamente 20 horas semanais de treinamento. O dia dos PMs do Gate tem início com treinamento físico, caso não sejam acionados para alguma ocorrência real.

Após os exercícios, que incluem corridas e flexões, os militares passam para a parte técnica especializada. "A nossa rotina é o treinamento físico-tático. Realizamos simulações de salvamento com uso de rapel, aulas de tiro, manipulação de explosivos e entradas táticas", disse.

Exercícios
Segundo o oficial, o exercício tem que ser constante, pois o Gate atua em situações de alto risco e qualquer falha ou o mínimo erro podem ser fatais.

O Gate atua somente nas ocorrências de alta complexidade como reféns localizados, crises em estabelecimentos penais, assaltos a bancos, sequestros, escolta a presos perigosos, combate ao crime organizado e a delinquentes armados em locais de difícil acesso, operações de busca e perseguição a fugitivos da Justiça, apoio em ações policiais de envolvendo artefatos explosivos e missões determinadas pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

Perguntado sobre qual é o perfil do policial que faz parte da tropa de elite cearense, o capitão Gerlúcio foi categórico. "O primeiro requisito é ser voluntário e ter compromisso com a causa policial". Além disso, segundo ele, é necessária dedicação exclusiva. "É um compromisso 24 horas. As vezes, você já está em casa e recebe a ligação para voltar ao Quartel para uma missão. Por isso, o policial precisa de dedicação, abnegação e vocação".

Com o aumento da atividade de quadrilhas de assaltantes usando artefatos explosivos, o trabalho especializado do Gate, aumentou nos últimos meses.

De acordo com o subcomandante da companhia, quando as forças do Policiamento Ostensivo Geral ou do Ronda do Quarteirão se deparam com qualquer tipo de explosivo na rua, a orientação é que isolem a área e acionem o Gate. A mesma determinação é feita em casos com reféns.

Treinamento
20
horas por semana. Esse é o tempo dedicado ao treinamento físico e tático pelos policiais lotados no Gate. Eles são considerados os mais bem preparados da PM


Assaltante preso, reféns libertados
O bandido percebeu que não tinha como escapar do Gate e acabou se entregando FOTO: FERNANDO RIBEIRO

Durante 45 minutos os funcionários e clientes de um posto de combustíveis, localizado na Avenida Luciano Carneiro, nesta Capital, viveram momentos de pânico diante de um bandido armado, que ameaçava matá-los caso a Polícia tentasse prendê-lo.

O fato aconteceu no começo da noite do último dia 9. Viaturas do Ronda do Quarteirão e de outras unidades da PM cercaram o local. O assaltante se recusava a obedecer a ordem dos militares de se entregar. Foi, então, chamado o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).

Evoluiu
Duas patrulhas, sob o comando do cabo PM Feijó, foram mobilizadas para atender à ocorrência, que evoluiu de uma simples tentativa de assalto para um roubo com restrição da liberdade, isto é, com reféns aprisionados e sob a ameaça real de serem assassinados pelo bandido.

Os demais PMs recuaram, mantendo o isolamento e a contenção do local. Os ´ninjas´ da principal unidade de elite da PM entraram em cena, com o objetivo principal de evitar um derramamento de sangue e, ao mesmo tempo, fazer prevalecer a lei. E foi isto que aconteceu.

Graças à habilidade na negociação e a postura firme em não ceder à pressão psicológica e ameaças do bandido, a equipe do Gate pôs em prática aquilo para o qual é exaustivamente treinada. O assaltante, percebeu que não teria saída e acabou se rendendo. Apesar do susto e das ameaças, os reféns foram libertados ilesos. O Gate venceu. (Colaborou, Fernando Ribeiro)

EMERSON RODRIGUESREPÓRTER   diariodonordeste/militaresbrasil

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