14/10/2012 - Sem confronto,Fuzileiros Navais e Polícia do Rio domina favelas de Jacarezinho e Manguinhos


Mais de dois mil homens, entre policiais e militares, ocupam favelas no Rio.
Ação para a retomada dos territórios que receberão UPP durou 20 minutos.

Tahiane Stochero e Marcelo AhmedDo G1 Rio

A Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro informou que as favelas de Manguinhos e de Jacarezinho, no subúrbio do Rio de Janeiro, foram totalmente dominadas pelas forças policiais que realizam, desde a madrugada deste domingo, uma operação de pacificação nas comunidades. Não houve confrontos e as polícias, com apoio dos Fuzileiros Navais e efetivos da Polícia Rodoviária Federal, não encontraram resistência para dominar os territórios. A ação nas duas comunidades durou apenas 20 minutos.
Segundo o coronel Frederico Caldas, relações públicas da PM, a ação em Manguinhos durou cerca de dez minutos. Mais cedo, por volta das 6h30, a Polícia Civil disse que a região de Jacarezinho havia sido totalmente dominada. "O principal indicador de sucesso é a retomada de território, sem vítimas. A máxima da política de pacificação é o mínimo de efeito colateral. Agora vamos atuar com o nosso serviço de inteligência para fazer prisões e mais apreensões de armas e drogas", disse o coronel Caldas.
Por volta das 7h, contêineres chegaram à Favela de Manguinhos, para a instalação da base do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque da PM.
Mais de dois mil homens das forças policiais e do Exército participam da operação nas favelas de Jacarezinho, Manguinhos, Mandela e Varginha. A ação tem o apoio de 24 veículos blindados, sendo 13 da Marinha e 11 da Polícia Militar, além de sete aeronaves da Polícia Rodoviária Federal, da PM e da Polícia Civil. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, este é o primeiro passo para a implantação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) em Manguinhos.
De acordo com Frederico Caldas, não há registro de prisões até o momento. O coronel destacou também que a polícia não ouviu tiros durante a operação. "Agora é um processo meticuloso de busca de drogas, de armas, e a prisão de marginais", afirmou.
"A situação é de absoluta tranquilidade, não houve qualquer registro de incidente. Mas a gente sempre está preparada para qualquer cenário. Ainda bem que não houve qualquer tipo de resposta. Entretanto, no entorno, é preciso que as pessoas estejam portando seus documentos, para facilitar o trabalho das polícias", completou.
Polícia remove barreiras em favelas
As forças de segurança utilizaram veículos blindados e máquinas de perfuração na remoção de obstáculos instalados por criminosos para dificultar o acesso a áreas das favelas. Em uma das vias, barras de ferro foram colocadas no asfalto para impedir a passagem. Em uma das entradas de Manguinhos, policiais encontraram um bloqueio feito com manilhas. Para liberar a passagem, a polícia explodiu a barricada.
Operação teve "fase silenciosa"
A operação no Jacarezinho e Manguinhos começou há mais de dez dias, numa fase chamada de "silenciosa" pela polícia. Mais de 30 pessoas foram presas ao longo da semana. Houve também grande apreensão de drogas e armas.
Segundo Fernando Veloso, sub-chefe da Polícia Civil, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) vai ficar pelo menos até 8h de terça-feira na região. "A Polícia Militar precisa de mais um tempo para ocupar a área. O que nós vamos fazer é ter uma presença constante ali. As operações que nós já fazíamos vão ser intensificadas"
"A gente sabe que ainda há armas, há drogas lá. Muita coisa foi apreendida na fase antes da operação. Mas hoje nós estamos no terreno. A partir de agora a participação da sociedade fica mais importante ainda", disse Veloso.
Elas estão ainda sob efeito da droga, por isso foram carregadas. Estão sendo levadas para os nossos centros de acolhimento"
Fátima Nascimento, secretária
municipal de Assistência Social
Usuários de crack são recolhidos
Mais de 100 usuários de crack foram retirados das ruas nos arredores das favelas do Jacarezinho e Manguinhos, na Zona Norte do Rio, e levados para abrigos. No grupo havia 15 menores. Assim que são recolhidos pelos assistentes sociais, os moradores de rua passam por uma triagem, onde é analisado o grau de dependência química. Os menores usuários de drogas são internados compulsoriamente.
"O acolhimento você tem oferta tanto para população de rua em forma geral quanto para os dependentes de drogas. A questão do crack é mais focada, porque o efeito da droga é avassalador", afirmou a secretária municipal de Assistência Social, Fátima Nascimento. "Elas estão ainda sob efeito da droga, por isso foram carregadas. Estão sendo levadas para os nossos centros de acolhimento".
Segundo Fátima, usuários de drogas que precisarem de ajuda médica serão encaminhados para hospitais. Durante a ocupação de Manguinhos e Jacarezinho, usuários de crack foram encontrados consumindo a droga livremente ao longo de linha férrea em Arará, na região de Benfica.
Na entrada de Jacarezinho, a polícia informou que um viciado ficou ferido. Ele teria se assustado com a chegada de um helicóptero. O usuário foi socorrido por uma ambulância.
Beltrame incentiva tropas
Antes de partirem para a ocupação, as tropas da polícia e da Marinha se reuniram no laboratório da Marinha, em Benfica, no Rio de Janeiro. Às 4h, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e o chefe do Estado Maior Operacional da Polícia Militar, coronel Alberto Pinheiro Neto, foram ao local incentivar a tropa e acertar os últimos detalhes da operação.
O secretario desejou boa sorte a todos. "Meus parabéns, muito obrigado e boa sorte", disse à tropa. Em seguida, os policiais cantaram o hino do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Militares e policiais deixaram o local logo depois da reunião, por volta das 4h45, e seguiram em um comboio para tomar suas posições na ação.
mapa_favela_rio_300 (Foto: Editoria de Arte / G1)Região das favelas de Manguinhos e Jacarezinho é preparada para receber UPP (Foto: Editoria de Arte / G1)G1 

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