04/04/2013 - O PORTÃO DAS ARMAS ESTÁ FECHADO


Por Carlos Chagas


               Houve tempo em que políticos sem voto viviam rondando os quartéis, buscando sensibilizar os militares para seus interesses, suas artimanhas e suas malandragens. Eram  chamados de vivandeiras,  conforme os próprios militares, mas não raro tiveram sucesso. Com o fim do regime castrense, em 1985, saiu pelo ralo essa prática abominável.
               Hoje, 28 anos depois, não há registro do retorno àquelas distorções. Os militares encontram-se vacinados contra o germe das quarteladas estimuladas  de fora, tanto quanto contra  ilusões a respeito de poderem, de dentro, corrigir mazelas peculiares à nossa sociedade.  Os generais de agora não participaram do movimento responsável pela quebra das instituições não propriamente democráticas,  mas assim supostas. Eram, no máximo, cadetes. Ou nem isso.
               Guardam, os chefes militares  de hoje,  ressentimentos por conta de as forças armadas até agora permanecerem confundidas com os erros, desacertos e lambanças de antes. Aliás, causados pelo despreparo e até a ambição de maus líderes. 
              O importante a ressaltar, ainda num período de feridas mal cicatrizadas, está em que a chamada classe política, mesmo apresentando os mesmos vícios de todos os tempos, deixou  de voltar-se para os quartéis como forma de compensar a falta de  apoio popular. A banda podre sempre presente nos  partidos  e nas organizações das elites  carece de meios para sensibilizar os militares.  Menos por haver a guerra fria internacional    saído pelo ralo, mais porque em nada resultaria a repetição das  artimanhas do passado, senão o descrédito dos cidadãos fardados,que disso tem consciência.    O Portão das Armas está fechado a incursões ideológicas, políticas  ou meramente malandras.
            A pergunta que se faz, assim, é a respeito de como se desenvolve o pensamento militar. Em que estruturas se assenta, agora renovado e imune a influências  de  minorias saudosistas de velhinhos inconformados com a perda de poder.  Caberá à implacável natureza das coisas  sepultar o  resquício quase histórico de  uma época  que não voltará mais. 
                                               
           Os novos militares, no entanto, para onde se voltam, além de suas obrigações funcionais?  Que visão dispõem da nação, além de sua fidelidade à Constituição e aos poderes constituídos?
           Engolem sapos em posição de sentido quando responsabilizados pelo que não fizeram, mas tem consciência de desenrolar-se diante deles um futuro em tudo e por tudo diverso das teias do passado. O comunismo mergulhou nas profundezas, mas as causas que o fizeram emergir permanecem as mesmas. À vista de todos está a dominação de nações, de castas e de interesses que,  para sobreviver, sufocam grande parte da Humanidade. Não há que servir a elas, como serviram tempos atrás. Muito menos entregar-se às suas determinações, pois o adversário,  se existia, não existe mais. 
            Pode estar surgindo em nossas forças armadas, sempre mais integradas na população, cada vez  menos  provenientes das elites, um sentimento capaz de abrir novos horizontes. Como vaticinou um dos comandantes desses tempos modernos, ao referir-se à Amazônia, chegará um dia em que nossos guerreiros se transformarão em guerrilheiros.  Entrar, eles entram, mas não sairá nenhum...

CONFIAR DESCONFIANDO

              Está faltando, no governo, memória republicana, em especial voltada para Floriano Peixoto, aquele que consolidou a República sempre repetindo que “confiava desconfiando”.  Terá a presidente Dilma certeza do apoio do PDT, do PTB e do PR à sua reeleição, só por conta das vagas agora por eles ocupadas no ministério? Estarão, esses partidos, fechados com a reeleição?
             Carlos Lupi, Roberto Jefferson e Valdemar da Costa Neto serão confiáveis?

O MAIOR PROBLEMA

             Não se trata da mais recente declaração do deputado-pastor, de que o Brasil vive sob uma ditadura “gay”.  Todo mundo é livre para perpetrar as maiores barbaridades retóricas.
             Falamos, hoje, dos monumentais estádios de futebol em vias de conclusão até a Copa do Mundo e, quem sabe, a anterior Copa das Confederações.
             A pergunta é a respeito de que papel desempenharão esses elefantes brancos que tantos recursos legais e ilegais tem recebido dos cofres públicos.  Depois das disputas internacionais, servirão apenas para aguardar débeis partidas de nosso cada vez mais débeis clubes?
            Bem que o poder público poderia estar cuidando de finalidades alternativas. Que tal adaptar esses estádios para também servirem como colégios, até universidades?   Presídios poderia ser demais, mas quem sabe?  fonte: claudiohumberto

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