04/04/2013 - Policiais são demitidos por tortura em São Bernardo



Rafael Ribeiro  fonte: do Diário do Grande ABC

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) publicou ontem, no Diário Oficial do Estado, a demissão de um delegado, dois investigadores e um papiloscopista da Polícia Civil acusados de torturarem e causarem a morte de um homem de 24 anos na Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) de São Bernardo, em fevereiro de 2003.
O delegado Paul Henry Bozon Verduraz, titular da Dise são-bernardense na época, e os investigadores Ricardo Milanez e Sergio Ferreira Barros Filho, além do papiloscopista Samir Gushiken, tiveram a pena de demissão aplicada pelo governador.
Na ocasião, Alex Sandro Neto de Almeida estava preso acusado de ser o articulador do sequestro do proprietário do restaurante em que trabalhava como motoboy. Ele já tinha antecedentes criminais por porte ilegal de arma e estelionato.
O Diário noticiou na ocasião (veja reprodução ao lado) que o laudo do IML (Instituto Médico Legal) de Diadema, para onde o corpo foi levado, apontava que  Almeida apresentava politraumatismos, fratura de costela e perfuração do pulmão esquerdo. O legista constatou ainda "grande hematoma atrás do baço", "edema cerebral" e equimoses nos tornozelos, punhos, faces, coxa esquerda e no dorso do pé direito.
O registro da ocorrência feito no 2º DP (Piraporinha) de Diadema indica "mal súbito". Acionada, a equipe de resgate levou Almeida a um hospital da cidade, mas ele não resistiu aos ferimentos e chegou morto ao local.
Em exame anterior, o motoboy disse a um médico que sofrera choques elétricos nas orelhas. A polícia alegou que Almeida havia sido espancado na cadeia e já chegou à delegacia desmaiado. Os investigadores teriam tentado reanimá-lo fazendo massagem no coração e passando álcool em seu corpo.
Segundo os policiais, o acusado e seus familiares vinham sendo perseguidos  depois que Almeida supostamente entregou os comparsas do crime às autoridades.
Investigação feita pela Corregedoria da Polícia Civil concluiu, em novembro de 2010, que Verduraz teria de ser suspenso durante 90 dias por omissão perante tortura, enquanto os outros policiais deveriam ser demitidos.
Colaborou para a decisão do governador o fato de o empresário sequestrado ser liberado somente seis dias após a morte de Almeida, mediante pagamento de R$ 70 mil de resgate. A tortura serviria para pressioná-lo a entregar o local do cativeiro. Foi aberto processo na vara cível contra o delegado, mas acabou arquivado.
Respeite, é um momento difícil', diz Verduraz
"Não quero comentar nada. Respeite esse momento difícil. Quero estar com a minha família", justificou o delegado Paul Henry Verduraz, visivelmente abalado, ao Diário ontem por telefone.
Atualmente, Verduraz era titular do 34º DP (Vila Sônia), na Zona Sul da Capital, após passar por outras delegacias da cidade desde que deixou a função em São Bernardo, em 2007.
Com mais de 20 anos de carreira, destacou-se em 2006, quando desarticulou diversas quadrilhas da cidade que planejavam ataques em meio à crise da segurança naquela ocasião.
Procurado, o advogado Luciano Anderson de Souza, que representava Verduraz no caso, não retornou os pedidos de entrevista. A SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) não quis se manifestar sobre a decisão do governador.

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