01/12/2013 - Comboio de Porto Velho à Manaus mostra que BR-319 sobrevive mesmo após anos de abandono



Diligencia partiu de Humaitá às 04h00 da segunda-feira (25).

A diligência operacionalizada pela Guarda Oficial do Vice-Governador do Estado de Rondônia, composta por oficiais militares da Casa Militar e com o apoio do Exército Brasileiro e Jipe Clube de Rondônia, que  levou autoridades politicas, empresariais e jornalistas da cidade de Porto Velho até capital do Amazonas, partiu no último domingo (24),  retornou à Porto Velho na última sexta-feira (29), e provou que a Rodovia 319 sobrevive mesmo após décadas de abandono em meio a uma das mais perigosas áreas naturais do Mundo, a floresta Amazônica.
Construída pelo Exército Brasileiro entre os anos de 1968 e 1973, ainda no período do regime militar, a BR-319 é a única ligação por terra da cidade de Manaus à capital do estado de Rondônia, Porto Velho.
Porém questões politicas e principalmente falhas nas gestões federais que governaram o país nos últimos 40 anos, transformaram a rodovia em uma pista traiçoeira, cercada de barreiras naturais e de trafegabilidade possível apenas para veículos tracionados e motocicletas. Viajar pela BR-319 é uma aventura cercada de perigos e surpresas durante todo o seu trajeto.
A ida
A frota composta por aproximadamente 22 veículos oficiais, em sua maioria caminhonetes Mitsubishi SW4 e Hilux cedidas pelo DETRAN/RO, se agrupou na tarde do último domingo (24) no pátio do grupo de comunicação do Senador Acir Gurgacz (PDT/RO) em Porto Velho.
Após formalidades a diligencia partiu em comboio às 15h00 rumo à cidade amazonense de Humaitá. O trajeto é tranquilo, em velocidade média de 120 Km/h os veículos chegaram por volta das 18h00 no município de Humaitá, primeiro ponto de descanso da viajem.
Às 04h00 da segunda-feira (25) a comitiva partiu de Humaitá tendo como ponto de chegada para o mesmo dia a cidade amazonense de Careiro Castanho. Entre um ponto e outro são 600 quilômetros de distancia em uma reta cortando a floresta amazônica.
Nesse trajeto apenas duas comunidades sobrevivem às margens da BR-319, o distrito humaitaense de Realidade e uma pequena comunidade de ribeirinhos à margem do rio Igapó Açu.
Entre uma localidade e outra a BR-319 se transforma em uma grande reta em selva aberta, com de centenas de áreas de atoleiro, enormes buracos,
BR-319 pode ser considerada uma das rodovias mais perigosas do Brasil.
cercado por valões de mais de quatro metros de altura em ambas as margens da rodovia. Um pequeno deslize e o veiculo pode capotar, por isso a atenção deve ser redobrada principalmente nas áreas de argilosas que trazem dificuldade até para os veículos 4x4.
Todo o percurso entre o distrito de Realidade e a comunidade de Igapó Açú é cortado por aproximadamente 115 pontes de vários tamanhos e portes. Mais de 60 estão em perigoso estado de conservação.
Chegando a Igapó Açú às 19h00 a comitiva atravessou o rio em uma pequena balsa que mantém grande parte da renda dos ribeirinhos. Porém pelo abandono da rodovia é cada vez menor o fluxo veiculo na região, deixando a comunidade isolada e a mercê da ação do tempo. Alguns ribeirinhos relataram que a reconstrução da BR-319 é um sonho que eles ainda esperam acontecer, porém que há cada dia que passa fica mais distante.
Após a balsa até a cidade de Careiro Castanho são 200 quilômetros de distancia, nessa parte ainda em selva aberta é possível observar o trabalho de soldados do 6º BEC do estado do Amazonas trabalhando na reconstrução da pista.
Porém ainda existem vários pontos de deslize. Com uma velocidade média de 50Kh/h a diligencia chegou por volta das 22h00 na cidade de Careiro Castanho, município amazonense de pequeno porte, porém com estrutura de hotéis e restaurantes.  O local foi o segundo ponto de descanso da diligencia.
Às 09h00 da terça-feira (26) a comitiva partiu rumo ao município de Careiro da Várzea, local onde fica localizado o porto balseiro que realiza o percurso até a cidade de Manaus pelos rios Negro e Solimões. De um ponto a outro são aproximadamente 200 quilômetros de rodovia asfaltada e de pontes de concreto.
Chegando a Careiro da Várzea os veículos da comitiva embarcaram na balsa que seguiu por uma hora de viajem até a cidade de Manaus. Local onde foi o terceiro ponto de descanso da expedição. Já em Manaus, autoridades políticas e alguns empresários retornaram de avião.
Grupamento da Guarda Oficial do Vice-Governador escoltou a imprensa durante a expedição.
O retorno
Com um comboio reduzido para oito veículos composto por seis caminhonetes e duas viaturas da 17º Brigada de Infantaria de Selva, a diligência na manhã de Manaus às 10h00 de quarta-feira (27).
O primeiro ponto de chegada era o município de Careiro Castanho. A diligência embarcou na balsa do Porto do Ceasa em Manaus e atracou em Careiro da Várzea às 13h00 seguindo pela rodovia 319 e chegou a Careiro Castanho às 15h00. O local foi o primeiro ponto de descanso no retorno do comboio.
Às 05h00 da quinta-feira (28) a expedição partiu de Careiro Castanho com o objetivo chegar até Humaitá. Para isso era essencial cruzar a maior das pontes e áreas de lama ainda durante o dia.
Em uma velocidade média de 40Km/h a diligência chegou às 15h00 em ponto conhecido como “meião” localizado em uma das várias bases construídas pela Embratel para o suporte dos cabos de fibra óptica que seguem até Manaus em postes por toda a rodovia.
No local o Exercito Brasileiro montou uma base onde cedeu alimentação para o comboio que partiu logo em seguida. Ás 20h00 a diligencia conseguiu cruzar mais 300 quilômetros no meio da floresta e chegar ao distrito de Realidade.
No local mais uma vez o Exercito ofereceu alimentação para os integrantes da expedição que partiram às 21h00, chegando às 23h00 no município de Humaitá. Segundo ponto de descanso do comboio.
Às 08h00 a diligencia seguiu de Humaitá à Porto Velho onde cruzou a balsa do Rio Madeira terminando a expedição às 10h00 da sexta-feira (29) finalizando uma semana de jornada em uma das mais perigosas rodovias do Brasil.
Dicas de expedição
Em geral modelos nacionais de caminhonetes possuem tanques com capacidade de 80 litros. Saindo de Humaitá o motorista deve partir com o tanque cheio e levar um reservatório com ao menos 40 litros. Para onde deverá na altura do quilometro 500, realizar o reabastecimento.
Entre o distrito de Realidade e a comunidade de Igapó Açú só existe apenas a floresta amazônica, por isso é essencial levar no mínimo dois isopores médios com
Ponto de abastecimento durante a expedição.
gelo, sendo um com água e outro com mantimentos para alimentação durante o percurso na selva.
Martelos, pregos, entre ferramentas utilizadas no dia a dia serão de grande valia durante à viajem, principalmente no conserto das dezenas de pontes com madeiras soltas ou podres. Filtro solar e óculos de sol também são importantes para evitar insolação no percurso em selva.
Para alguns viajantes com o estomago mais fraco é recomendável levar remédios contra enjoos, pois mesmo com tração nas quatro rodas a trepidação e o balaço dos veículos é uma constante.
Não se esqueça de realizar o Roaming antes da viajem com a sua operadora de telefonia de celular, pois em Manaus a tarifa é alta e sem esse serviço você irá pagar uma média de R$ 10 reais por cada 30 segundos de ligações recebidas em DDD.
Realizando a ida e volta pela Rodovia 319 o viajante irá pagar seis passagens de balsa, reserve ao menos R$ 200 reais para essas travessias.
Acompanhe
Durante toda a semana o Rondoniaovivo irá trazer uma série de reportagens mostrando os perigos, os percursos, os personagens e as curiosidades dessa expedição que mostrou a resistência de uma rodovia que possui todos os atributos para se tornar em uma mundialmente rodovia turista. Selva!
Fonte: Rondoniaovivo - João Paulo Prudêncio

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