05/11/2014 - Na Suécia, dois militares brasileiros testam caças

Marta Sfredo

Um dos passos para adoção do caça Gripen NG, que será construído em parceria pela sueca Saab e a indústria brasileira para uso da Força Aérea, foi dado nesta semana, com a chegada a uma base aérea sueca de dois pilotos brasileiros. 
Os capitães Gustavo de Oliveira Pascatto, de São Bernardo do Campo (SC), e Ramon Lincoln Santos Fórneas, de Ipatinga (MG), ambos de 32 anos, chegaram na segunda-feira à unidade localizada em Satenas, cidade a duas horas de Gotemburgo, segunda maior cidade da Suécia. No local, especializado em treinamento de pilotos, eles terão o primeiro contato com o tipo de aeronave que resultará da compra de 36 caças pelo governo brasileiro, embora ainda seja uma versão anterior.
— Nossa expectativa é irradiar conhecimento para todas as unidades — afirmou Fórneas, muito formal, diante de um grupo de jornalistas brasileiros que fazia fotos e perguntas em alta velocidade.
Ainda não existe um acordo formal entre as forças aéreas brasileira e sueca sobre a continuidade do treinamento. Conforme o comandante da base sueca, Michael Cherinet, a preparação será feita com base em um acerto temporário, que deve evoluir entre os dois comandos nacionais antes de prosseguir. Além dos brasileiros que chegaram agora, treinam no local pilotos checos, húngaros e tailandeses.
A África do Sul, que também comprou aviões da Saab, organiza o treinamento diretamente com a companhia privada, já que os contratos não passaram pela força aérea sueca.
Os capitães relataram que foram comunicados da escolha em setembro passado, depois de um acompanhamento da avaliação de desempenho habitual da FAB. O processo havia começado em dezembro de 2013, conforme os dois aviadores. Ambos devem permanecer na Suécia por ao menos seis meses, até 22 de abril de 2015.
Até a semana passada, Pascatto atuava no 1º Grupo de Defesa Aérea de Anápolis (GO), e Fórneas, no primeiro grupo de aviação de caça do Rio de Janeiro. Eles têm experiência em pilotar aviões de quarta geração, os F-5 modernizados usados pela FAB.
Além dos testes habituais, médicos e psicológicos, a que eram submetidos em suas próprias unidades, os dois capitães brasileiros só receberam pedidos para fazer eletrocardiograma de esforço e ergometria de esteira. Os exames são necessários para pilotar o caça, no qual enfrentarão a chamada carga G — ausência de gravidade. E uma das primeiras atividades na base sueca foi exatamente simular esse efeito em um equipamento chamado "centrífuga".
Logo depois da apresentação dos dois pilotos, um Gripen C, modelo atualmente usado pela força aérea sueca — fez um voo de demonstração, quebrando a barreira do som na unidade localizada às margens do maior lago da Suécia, Vänern.
Força aérea sueca tem controle de qualidade da iniciativa privada
A organização da força aérea sueca é bastante diferente da brasileira. Há 20 anos, um acidente exatamente com um Gripen, em Estocolmo — não houve mortos, porque o piloto ejetou o assento e a aeronave caiu em local deserto — quase provocou o controle civil sobre a aviação militar. Para manter o controle, a força aérea adotou os princípios de controle de qualidade desenvolvidos na iniciativa privada.
Uma das principais diferenças é a forma de administrar o equipamento: as diferentes bases no país não têm exclusividade sobre as aeronaves. Os caças são movimentados entre um local e outro conforme necessidades e disponibilidades comuns.
O contrato entre a Saab e a FAB foi assinado no dia 24 de outubro, a sexta-feira anterior ao segundo turno da eleição presidencial, e anunciado na segunda-feira dia 27. Por conta disso — e de um adicional de quase US$ 1 bilhão no contrato total de US$ 5,4 bilhões — houve muita especulação sobre a escolha da data. Executivos da Saab asseguram que a assinatura do contrato sempre foi considerada, por ambas as partes, como uma decorrência natural da escolha da companhia privada sueca, em dezembro de 2003.
A jornalista viajou a convite da Saab.

FONTE:  FAB

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