18/01/2015 - A tropa nas Urnas
A
tropa nas urnas. Em 2014 os militares intensificaram sua presença na
disputa, mas os resultados foram insatisfatórios. E agora? Quais os
planos para 2016?
“foi apenas uma apresentação para a
política, no começo sempre é assim”. Disse um dos ex-candidatos,
comentando o número de votos que recebeu nas eleições de 2014.
Questionados sobre o resultado das
urnas, a maioria dos que se candidataram em 2014 desconversa e diz que
já esperava isso, que no começo é sempre assim. Contudo, quem, como nós,
acompanhou de perto a disputa, sabe que foi uma decepção. Grande parte
dos candidatos realmente acreditava que a família militar –
aparentemente bem mais politizada que em momentos anteriores – estava
empenhada em eleger representantes.
No Rio havia vários nomes expressivos
entre os candidatos para dep. federal relacionados aos militares das
Forças Armadas, como Gerson Paulo, presidente do PMB local, Comandante
Ribeiro Afonso, também bastante articulado, Sargento Rogério, um lutador
em prol de direitos essenciais para os militares como melhorias na
saúde etc. Paulo Teixeira, também militar, não eleito, recebeu um número
expressivo de votos, mais de 6 mil. Contudo, pela atuação que o militar
tem junto a comunidades carentes, com seu belo trabalho de professor
voluntário, pode-se crer que grande parte de seus votos não vieram da
família militar.
Veja abaixo a tabela de votos recebidos pelos candidatos cariocas.
RIO DE JANEIRO | Candidato | Votos | Posição no estado. | ELEITO |
Cand. Deputado federal. | Cap. Jair Bolsonaro. | 464.565 | 1 º | Eleito |
Paulo Teixeira | 6.464 | 164 º | NÃO | |
Com. Ribeiro Afonso. | 5.839 | 170º | NÃO | |
SGT Timotheo | 4.533 | 191º | NÃO | |
SO Gerson Paulo. | 3.380 | 222º | NÃO | |
Dr. Ruy | 3.035 | 239º | NÃO | |
Marcelo Machado | 2.668 | 254º | NÃO | |
Sargento Rogério. | 2.291 | 273º | NÃO | |
SGT Enaldo | 1435 | 343º | NÃO | |
TC Cesar Leal | 1042 | 416º | NÃO | |
Fuzileiro Isamar | 696 | 497º | NÃO | |
SO Almir Soares | 371 | 638º | NÃO | |
Soma dos não eleitos no RIO | 31.754 | |||
Cand. Deputado Estadual. | Flávio Bolsonaro | 160.359 | 4º | Eleito |
SG Aquiciclei | 4.304 | 247º | NÃO | |
Sargento Feliciano. | 1.977 | 366º | NÃO | |
Wilian Marinheiro | 2.593 | 324º | NÃO | |
Bruno Nascimento | 3.778 | 270º | NÃO | |
Francisco Muniz | 703 | 667º | NÃO |
Candidato
a vice-governador na chapa de Crivella no Rio, e também militar, o
General Costa Abreu, ainda que derrotado, recebeu mais de 3 milhões de
votos. Pelo expressivo número de votos e pela proximidade com o Partido
Militar, em processo de regularização, arriscaríamos dizer que nas
próximas eleições Abreu pode vir como forte candidato a algum cargo. O
Rio padece na questão da segurança pública, e Abreu se destacou também
nos cargos que ocupou nesse setor em grandes eventos no passado recente.
No Rio o efetivo de militares federais é
gigantesco, e seria possível que a família militar elegesse mais de um
deputado federal. No entanto, só foi eleito Jair Bolsonaro, que na falta
de políticos que se assumam como de direita, cooptou também votos de
grande parte da sociedade anti-PT, anti-gayzismo e cristãos em geral.
No Distrito Federal os militares tinham
candidatos considerados fortes, como Ivone Luzardo, Mirian Stein e
Sargento Genivaldo. Nenhum deles foi eleito. A não
eleição de Ivone Luzardo, presidente da UNENFA, causou certa surpresa em
muitas pessoas. Tecnicamente Ivone seria pelo menos a mais votada entre
os candidatos ligados aos militares, por ser conhecida nacionalmente
por sua luta por melhores salários e condições de trabalho. Contudo,
infelizmente, recebeu apenas 2.5 mil votos, insuficientes para conseguir
uma cadeira na câmara distrital.
Os votos dos candidatos militares mais
conhecidos no DF para distrital somam por volta de 20 mil votos. Isso
surpreende um pouco. Onde estão os restantes dos votos da família
militar? Não seria o momento de buscar conscientizar esse grupo da
importância que há em eleger representantes?
Assim
como Luzardo no DF, aqueles que se candidataram para o legislativo
estadual no Rio não foram bem sucedidos, foi o caso do Sargento
Feliciano. Feliciano foi um dos poucos militares a concorrer para o
cargo e esperava-se votação mais expressiva. Contudo, mesmo sendo
conhecido nacionalmente por sua luta por sensibilizar a sociedade para a
questão do baixo salário dos militares, o que lhe rendeu várias
punições, obteve um número pequeno de votos.
Em Minas, Kelma Costa, que ganhou
notoriedade nacional durante as negociações por reajuste e pelo
pagamento dos 28.83%, também não foi bem sucedida. O general Marco
Felício foi outro que não obteve êxito.
No Rio de Janeiro houveram candidatos a
deputado estadual eleitos com 11 mil votos, puxados pelo coeficiente
eleitoral dos primeiros colocados. Isso mostra que há necessidade de,
desde já, se estabelecer uma estratégia nesse sentido. Partidos,
políticos de expressão na coligação etc., são pontos que devem ser
observados com atenção.
Dos 513 deputados federais que vão
compor a Câmara Federal em 2015, apenas 35 (6,8%) receberam votos
suficientes para se elegerem sem ajuda do coeficiente eleitoral. Os
demais alcançaram o mandato com a soma dos votos dados à legenda /
coligações.
Durante sua campanha, Mirian Stein,
candidata ligada aos militares, chegou a dizer que a disputa era injusta
por conta da falta de condições financeiras para o marketing eleitoral
necessário na acirrada disputa com candidatos financiados por
empresários. É uma grande verdade. Por isso aqueles que pretendem se
lançar nos próximos pleitos devem se preparar desde já. As associações
podem estabelecer metas e lançar campanhas de arrecadação, jantares,
eventos etc. A internet é uma ferramenta que pode ser usada para isso.
Bolsonaro é um grande exemplo de que um militar que for eleito deputado
federal por qualquer estado pode lutar pela classe em nível nacional.
Portanto, as campanhas de doações podem ser em nível nacional.
Isso é legalmente permitido e deve ser feito.
Em 2015 não há eleições. É o ano chave
para o estabelecimento de metas e para iniciar-se o fundo de apoio às
candidaturas de 2016.
Embora muitos digam que o legislativo
municipal pouco importa para a família militar, essa afirmativa é
extremamente equivocada. O vereador tem bastante força junto aos
deputados federais e, além disso, pode ser a plataforma
financeiro/política para que se emplaque um candidato forte em 2018.
Não basta se candidatar desde já deve-se estabelecer estratégias. O tempo passa rápido.
FONTE: Robson A.D.Silva – sociedademilitar
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