27/09/2015 - Defesa debate impactos das mudanças ambientais nas operações militares
Brasília, 25/09/2015 – Nesta
sexta-feira (25), militares das Forças Armadas estiveram reunidos para a
Jornada de Trabalho sobre Mudanças Climáticas. O evento, que aconteceu
durante todo o dia, no auditório do Ministério da Defesa, teve o
objetivo de apresentar impactos das mudanças climáticas em operações
marítimas, terrestres e aéreas. Ademais, foram apresentados relatórios
prospectivos de alterações no clima para até o ano 2100.
Foto: Tereza Sobreira
Diretor do Inpe mostrou mapas climáticos
Além de palestras com integrantes das Forças, as exposições
contaram com profissionais dos ministérios do Meio Ambiente; Relações
Exteriores; Integração Nacional; Ciência, Tecnologia e Inovação; e do
Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia
(Censipam).
Logo pela manhã, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), Leonel Fernando Perondi, explicou o funcionamento de
seu órgão. Ele disse que a instituição está dividida em três camadas:
acesso ao espaço, infraestrutura espacial e aplicações. Esses setores
cuidam de temas como meteorologia e ciência do sistema terrestre, entre
vários outros.
Perondi mostrou, também, como são gerados cenários futuros para
chuvas, precipitações e temperaturas, no formato de gráficos. “Esses
mapas servem de entrada para outros estudos”, alertou. Com tecnologia,
as prospecções são realizadas em períodos bem espaçados, como os anos de
2040, 2070 e até mesmo 2100.
Sobre o clima, destacou que de acordo com estudos do Inpe, a
tendência é que a temperatura seja cada vez mais quente em toda a
América do Sul. No Brasil, o máximo de aquecimento será na região
Centro-Oeste em todas as estações do ano. No caso das chuvas, haverá
aumento no extremo oeste da Amazônia.
Forças Armadas
A apresentação da Marinha ficou a cargo do capitão-de-fragata Felipe
Santos. O oficial citou alguns eventos climáticos que já estão em
andamento no país, tais como ondas de calor, chuvas pesadas, furacões,
inundações e secas, geleiras e niveis do mar subindo.
“A mudança no clima de ondas pode alterar o transporte de sedimentos e
a morfologia costeira, gerando impactos sobre as estruturas e
benfeitorias, como, por exemplo, em instalações portuárias”, falou.
A nível mundial, segundo ele, pode haver escassez de alimentos, água
potável, energia e terras agrícolas, o que geraria aumento das tensões
entre países e colapsos econômicos.
Para o capitão-de-fragata, “o acompanhamento e as possíveis
consequências das alterações climáticas devem estar previstas nas
estratégias de defesa e segurança nacionais. É fundamental o
monitoramento de dados ambientais e a realização de estudos científicos
para refinar as projeções e permitir a reavaliação regular dos riscos,
vulnerabilidades e oportunidades”.
Já o Exército ficou sob a responsabilidade do coronel Moacir Rangel
Junior. Ele acredita que é necessária uma nova estruturação da Força
Terrestre, já que a instituição vem sendo constantemente empregada para
ações de ajuda humanitária no caso de catástrofes naturais. Por conta
disso, está em experimentação doutrinária uma equipe do Exército só para
atuação nessas situações. Inicialmente, os testes acontecem em Recife
(PE).
Foto: Gilberto Alves
Evento discutiu situações que poderão ser desencadeadas com alterações de clima, temperatura e aumento do nivel do mar
O coronel exemplicou, ainda, iniciativas sustentáveis em curso. Uma
delas é o programa de baterias de sódia da Usina de Itaipu, que servirá,
por exemplo, para suprir energia dos pelotões especiais de fronteira. A
tecnologia recarrega o equipamento por meio de força eólica ou solar.
No que diz respeito às soluções para o problema do clima, o militar
sugeriu que o tema seja estudado pelo Estado-Maior do Exército e pelo
Departamento de Ciência e Tecnologia da Força. “Não existe, ainda,
nenhum desdobramento da temática em curso.”
Por fim, a Aeronáutica apresentou os impactos das mudanças climáticas
nas operações aéreas por meio do tenente-coronel Paulo Roberto Bastos
de Carvalho. De acordo com seus estudos, com a variação de temperatura,
há diferença no desempenho das aeronaves.
Também advertiu que, com o tempo, os aeroportos sofrerão impactos e a
malha aérea deverá ser alterada. Acerca do aumento no nivel do mar,
detalhou que as consequências vão de encontro à alta incidência de
tempestades, principalmente em áreas costeiras.
“O Brasil vai sofrer grandes variações climáticas de Norte a Sul e
vai impactar nas operações aéreas. É uma situação nova para a Força que
deverá ser pensada”, afirmou.
O chefe da Assessoria de Doutrina e Legislação da Defesa, general
Manoel Lopes de Lima Neto, acrescentou que no caso do ministério, já
existe um protocolo de intenções para atuação em casos de desastres
naturais, quando o apoio da Marinha, do Exército e da Aeronáutica é
solicitado. “Este memorando é em conjunto com os ministérios da
Integração e da Saúde.” Por Marina Rocha- defesa
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